'SEXTING' ENTRE ADOLESCENTES,UMA PRÁTICA QUE ACONTECE CADA VEZ MAIS CEDO

  

Os smartphones levaram a paquera adolescente a uma nova dimensão. E isso tem os seus riscos e desvantagens. Uma delas é o sexting. Sexting é o ato de enviar mensagens de texto e imagens sexualmente explícitas para alguém. Agora, com os adultos, isso se tornou uma atividade consensual que adiciona romance e amor às relações. Mas para adolescentes, isso não deve acontecer.

O sexting pode ser usado de diversas maneiras para explorar adolescentes, pré-adolescentes, e até mesmo crianças menores. Por isso, muitas regras e leis têm sido feitas para proteger os menores. Apesar das repercussões danosas desse ato, o sexting parece ganhar popularidade.

Enviar mensagens de texto ou imagens sexualmente explícitas para outras pessoas pode apresentar inúmeros riscos. Os mais novos não entendem ou percebem esses riscos ao fazer isso.

Agora, existem regras contra sexting em muitos estados

Um adulto que recebe ou envia material sexualmente explícito de alguém com menos de 18 anos de idade está sujeito a um processo sob a lei federal. Isso pode levar a multas pesadas e prisão. Conforme o sexting tem crescido como uma epidemia entre os adolescentes, muitos estados têm criado leis específicas que abordam essa prática por parte de menos de 18 anos e até 17 anos em alguns casos.

Mais estados estão considerando uma legislação que institui penalidades para menores, incluindo avisos, detenção, multas e liberdade condicional. De acordo com o New York Times, adolescentes que praticam sexting estão em uma posição legal precária. Embora na maioria dos estados os adolescentes com idade próxima possam praticar sexo consensual, se eles criarem e compartilharem imagens sexualmente explícitas de si mesmos, eles estão tecnicamente produzindo, distribuindo ou em posse de pornografia infantil.

Foi discutido que no passado, os amantes costumavam escrever cartas de amor e enviar polaroides sugestivas. Mas esse tipo de interação sexual tomou a forma digital agora. Um grande número de adolescentes engaja-se em sexting. De acordo com uma estimativa, um terço dos adolescentes de 16 e 17 anos já praticou sexting, e por isso, a maioria dos estados já passou leis que trazem penalidades menores para salvar as vidas arruinadas pela prática dessa atividade.

Vamos ver algumas penalidades legais e sociais do sexting e seus efeitos em uma pessoa:

Um Futuro Arruinado

Quando adolescentes são condenados por um crime como sexting, esse estigma pode acompanhá-los em várias áreas de sua vida. Isso inclui faculdade, esportes e até mesmo a sua vida profissional. Isso também cria problemas na hora de procurar um emprego. Isso leva a danos permanentes à reputação da pessoa que enviou e da pessoa que recebeu o material. E parece ser inevitável em casos que foram divulgados na imprensa e atraíram a atenção das massas.

Hoje em dia, muitas universidades e patrões fazem verificações de informações e olham as redes sociais de possíveis candidatos. Após terminar o ensino médio, ser conhecido por praticar sexting não é uma vantagem para o resto da vida.

Multas

A prática de sexting pode levar a multas de milhares de dólares. E isso pode ficar ainda mais caro dependendo da severidade do conteúdo. Por isso, não é apenas o adolescente que sofre, mas a família toda. Todo mundo tem que enfrentar as consequências das dificuldades financeiras. Algumas vezes, as coisas podem piorar muito e o estigma do incidente tende a ser tão grande que muitas famílias precisam se mudar. Os custos de uma mudança também aumentam o fardo financeiro.

O serviço comunitário também pode ser outra sentença comum para o crime de sexting. As horas que um adolescente passa fazendo isso pode afetar o seu estudo ou trabalho, se for o caso. Mesmo para menores, a condenação pela prática de sexting não desaparece da noite para o dia.

Registro como Agressor Sexual

Independentemente das leis específicas de sexting de um estado, a maioria das pessoas condenadas por essa prática precisam se registrar como agressores sexuais. Isso significa que o nome da pessoa será adicionado a um registro que é de acesso público. E o nome permanece nesse registro durante muito tempo caso a pessoa seja maior de idade. Na maioria dos casos, 20 anos é o tempo de registro. Outra condição desse registro é que as pessoas condenadas não podem residir em áreas próximas a escolas e creches.

Não é preciso dizer que a repercussão da prática de sexting muitas vezes não acaba até que o adolescente atinja a idade adulta. Algumas vezes, nem mesmo assim.  

Bullying e Vergonha

A exposição ao ridículo e o bullying por parte dos colegas podem levar ao agravamento da situação. Em alguns casos, isso tende a acontecer por um longo período de tempo. Os adolescentes tendem a fazer coisas irresponsáveis sem pensar duas vezes. Sexting é uma delas. Adolescentes enviam essas imagens quando estão em um relacionamento sem pensar que isso pode causar danos à sua reputação se essa relação não durar ou terminar de um modo negativo. Essas fotos podem reaparecer depois de anos.

O motivo mais comum do compartilhamento dessas imagens é a vingança. A pornografia de vingança é uma realidade. Isso ocorre quando um casal tem um término complicado e uma das partes compartilha esse material como vingança. O objetivo é humilhar a outra pessoa. Na maioria dos casos, os criminosos se esforçam para que isso se torne viral e atraia a atenção pública. As redes sociais facilitaram isso.

Acusação Criminal

Ao perceber e abordar os diversos problemas causados pela prática do sexting, muitos estados agora possuem leis para casos que envolvem menores. Quando se trata de amigos de escola, muitos alunos de 18 anos acabam ficando do lado errado da lei. As acusações criminais são feitas mesmo contra menores que compartilham ou enviam material de outros menores.

Riscos de Doenças Mentais e Intenção de Suicídio

Todas as pessoas envolvidas em sexting podem sofrer de estresse, humilhação, questões financeiras e acusações criminais após a exposição pública e por meio da mídia. Tudo isso pode levar a problemas de saúde mental. A vítima é quem mais sofre, não somente pela exposição ao ridículo por parte de amigos e familiares, mas por conta de sua saúde mental também. Muitas vítimas que sofreram bullying e foram ridicularizadas por causa da prática de sexting acabaram tirando a própria vida.

Leis contra Pornografia Infantil

Na ausência de leis específicas para sexting, os estados possuem leis contra a pornografia infantil que inclui punição por sexting. Isso pode levar a resultados trágicos. De acordo com um meta-estudo de diferentes casos de sexting e as leis em relação a isso, os criminosos acabam sendo pegos nessas leis. Isso sujeita os criminosos às leis mais rigorosas, mesmo quando se tratam de adolescentes praticando sexting.

As vítimas podem ser acusadas também

A prática de sexting pode ter sérias consequências. E em alguns casos, as coisas podem piorar para as vítimas também. Um incidente ocorreu em Minnesota, em que uma mensagem de sexting foi enviada a um menor. De acordo com as leis contra pornografia infantil do estado, uma garota foi acusada do crime porque foi ela quem enviou a mensagem. Embora o caso tenha sido descartado, o trauma emocional, a humilhação, a vergonha e as questões financeiras, juntamente com a publicidade gerada, causaram um impacto muito negativo.

Nada some da internet

Se você posta alguma coisa na internet, ela fica lá até que você a delete. Alguém pode salvar, baixar ou fazer uma captura de tela. Essa pessoa tem o poder de fazer uma imagem, uma postagem no Twitter ou declaração que pode se tornar viral. Algumas pessoas chegam a tirar fotos de um telefone com seus próprios telefones apenas para salvar uma imagem. Qualquer pessoa pode visualizar essas imagens que são colocadas online, como pedófilos, predadores sexuais e perseguidores, até mesmo pessoas ligadas a tráfico humano.

Adolescentes podem ser processados também!

Uma das piores coisas do sexting é que, em algumas ocasiões, menores podem ser o alvo das leis contra pornografia infantil por enviarem ou receberem fotos de nudes. Adolescentes podem ser processados por ter imagens sexualmente explícitas de si mesmos. Em um caso na Carolina do Norte, um casal tirou uma foto em que estavam nus quando eram menores de idade. Após terem completado a maioridade, eles foram processados pela lei contra pornografia infantil. Nenhum dos dois havia distribuído a imagem. Ambos foram processados por terem uma foto explícita um do outro.

Todos os fatos mencionados acima são motivos sólidos para discutir os perigos do sexting com o seu filho adolescente. Você também precisa conversar com os seus filhos que estão prestes a se tornarem adolescentes. Isso é algo que estará presente na vida deles mais tarde. O sexting se tornou uma parte normal das relações e da paquera hoje em dia. As leis estão aí para regular tais atos, mas como pai ou mãe, é seu trabalho educar os seus filhos para que eles sejam responsáveis quando estiverem em relacionamentos ou na internet.

Fonte:https://xnspy.com/blog/pt/sexting-voce-sabe-a-gravidade-disso.html

‘Sexting’ entre adolescentes, uma prática que acontece cada vez mais cedo

Um em cada sete jovens envia mensagens com conteúdo sexual e um em cada quatro as recebe. Estudo também mostra que pré-adolescentes entre 10 e 12 anos começam a trocar esse tipo de conteúdo

DIANA OLIVER

09 MAR 2018 - 13:24 BRT

Desde 2009, a prevalência do sexting, prática de risco que consiste em compartilhar eletronicamente material sexualmente explícito, aumentou exponencialmente. De acordo com uma meta-análise publicada no final de fevereiro na revista JAMA Pediatrics, um número considerável de jovens menores de 18 anos participa ou já participou de práticas de sexting em algum momento; especificamente um em cada sete (15%) enviando material sensível e um em cada quatro (27%), recebendo-o.

Embora a prevalência do sexting seja maior entre adolescentes com mais idade e em dispositivos móveis versus computadores, o estudo coloca uma questão à qual se deve prestar especial atenção: a entrada de pré-adolescentes entre 10 e 12 anos nas práticas de sexting, um grupo de idade que, para Jorge Flores Fernández, especialista em uso seguro das tecnologias de informação e comunicação e fundador, em 2004, do projeto PantallasAmigas, é especialmente vulnerável. “O aumento da prevalência e da prática em idades mais precoces tem a ver com o fato de que atualmente existe maior disponibilidade de tecnologia: temos mais dispositivos portáteis, cada vez mais baratos e com conexões que também são cada vez mais baratas, por isso as limitações que podiam existir antes agora não mais existem. Por outro lado, a idade de uso da tecnologia está diminuindo e isso leva os adolescentes a entrarem mais cedo nesse tipo de práticas de risco; eles não o fazem tanto por uma questão sexual, mas como forma de travessura, para chamar a atenção ou por tédio. No fim, eles têm tanta disponibilidade que acabam fazendo coisas que talvez não fizessem se não houvesse tanta facilidade”, conta Jorge Flores.

Especialistas como Jorge Flores insistem que não existe uma idade adequada para ter o primeiro telefone, pois é mais uma questão de maturidade e de habilidades. “É como comparar com qual idade a criança pode entrar na água sozinha ou quando pode começar a esquiar. Tudo dependerá da preparação dos pais e monitores e não de uma idade específica. Com o uso da tecnologia acontece algo parecido, depende mais do acompanhamento, do conhecimento e do tempo que se dedica às crianças. No entanto, para estabelecer um marcador, considero que ter autonomia total com um celular conectado à Internet e às redes sociais parece inadequado especialmente no caso de crianças menores de 13 anos”, explica o fundador do PantallasAmigas, que acredita que o grupo de pré-adolescentes ou adolescentes de menor idade, de 10 a 12 anos, não é capaz de ver os riscos que implicam práticas como o sexting em comparação com um adolescente maior “e que pode ter uma maior consciência do que está fazendo”.

Riscos do sexting

Existem múltiplos riscos potenciais derivados da prática do sexting. Entre outros, acontece que se algo é feito de modo privado e atinge a esfera pública, o direito à privacidade, à honra e à própria imagem é violado. Além disso, como Jorge Flores menciona, esse tipo de prática pode ser um indicador de vítima potencial para predadores sexuais no sentido de que “são pessoas que realizam práticas de risco”, o que as coloca no ponto de mira. Por trás do sexting estão casos de vingança, abuso e chantagem financeira, emocional ou sexual que, no caso das meninas e adolescentes, aumentam de certa forma a vitimização pelo enraizamento de certos estereótipos e lugares-comuns sociais. “Elas são apontadas e ridiculizadas com mais crueldade e isso pode ter consequências fatais como o suicídio. Já vimos isso em casos como os de Jessica Logan ou Amanda Todd em 2012, ambas são exemplos claros de suicídio por cyberbullying iniciado a partir da publicação não consentida de uma imagem cedida na privacidade, em um caso ao parceiro e em outro a um desconhecido.”

De acordo com Sheri Madiga, professora assistente do departamento de psicologia da Universidade de Calgary (Canadá) e diretora do estudo publicado na JAMA Pediatrics, o sexting não consentido (ou seja, o encaminhamento de imagens ou vídeos sem permissão) e as formas coercitivas de sexting (isto é, quando alguém é pressionado para enviar uma mensagem), “podem, compreensivelmente, causar uma angústia considerável aos adolescentes”. Também tem sérias consequências legais potenciais. “O sexting pode parecer muito como o comportamento sexual: quando é consentido, há muito poucas consequências negativas para a saúde, mas o sexting não consentido ou forçado (assim como o sexo não consensual ou forçado) está relacionado com a uma má saúde psicológica”, acrescenta.

Por trás do sexting estão casos de vingança, abuso e chantagem financeira, emocional ou sexual que, no caso das meninas e adolescentes, aumentam de certa forma a vitimização

Embora se possa pensar que o sexting consentido estaria relacionado com comportamentos impulsivos e de risco, como maior frequência de parceiros sexuais, maior número de parceiros concorrentes e o uso de drogas e álcool antes do sexo, para Madiga nem todos os jovens que fazem sexting estão se envolvendo em comportamentos problemáticos, pois essa prática pode ser realizada dentro do contexto de relacionamentos saudáveis.

Nesse sentido, teria muito a ver a influência de tudo o que acontece no outro lado da rede, ou seja, no ambiente em que as crianças e adolescentes atuais estão crescendo, no qual os meios de comunicação e a publicidade influenciam na sexualização precoce de meninas e meninos. Uma hipersexualização que, na opinião de Jorge Flores, também é transmitida por certos conteúdos digitais: “Nós a vemos em youtubers e instagramers, por exemplo, que transmitem modelos e mensagens muito relacionados ao sexo e ao erotismo, repetindo certos padrões, seja por convicção ou por conveniência”.

Educar cidadãos digitais responsáveis

O PantallasAmigas trabalha há anos oferecendo vários recursos online em três diferentes linhas de ação. O primeiro projeto parte da ideia de que, uma vez que quem faz sexting não é culpado de nada, mas se expõe a riscos, precisa estar informado sobre esses riscos. “Muitos dos problemas advindos do sexting partem do que a sociedade faz com essas imagens que recebe, pois é ela que as tornam virais. O sexting é um fenômeno global, não é apenas aquele namorado sem-vergonha que fica irritado e publica uma foto para se vingar, essa imagem ou vídeo pode ter sido perdida e cair nas mãos de alguém com más intenções, também é aquele pedófilo que quer se aproveitar de você. E é por isso que é interessante trabalhar em todas as frentes.”

À pergunta o que os pais podem fazer para que as crianças tenham ferramentas para enfrentar esse tipo de práticas de risco, Sheri Madiga responde que pediria aos pais que fossem “mais proativos do que reativos” em relação ao sexting para criar cidadãos digitais responsáveis. “Ter conversas abertas em idades precoces frequentemente e não somente quando surgem preocupações. Os pais devem discutir o papel potencial do sexting em relacionamentos afetivos saudáveis, bem como os possíveis riscos e consequências. As conceitos de pressão de grupo, sexualidade, relações online versus offline, etc., também devem ser discutidos dentro da família.” Madiga reconhece que, para alguns pais, a ideia de falar com os filhos sobre sexo pode intimidá-los e que agregar o ambiente digital a essa equação, “que é território desconhecido para alguns pais”, o torna uma dupla ameaça. No entanto, ela ressalta que é precisamente na rede onde os pais podem encontrar alguns recursos úteis que os ajudarão a se informar sobre esse mundo digital em constante mudança e a preparar esse tipo de conversa.

Para Jorge Flores, autor de vários materiais informativos e didáticos relacionados com o grooming, o ciberbullying e o sexting, a primeira ferramenta que os adultos têm é o exemplo e, nesse sentido, temos muito a melhorar. “Estamos dirigindo e usando o WhatsApp, andamos pela rua digitando, atendemos o telefone enquanto estamos comendo quando não há necessidade alguma, postamos fotos de qualquer um, inclusive de nossos filhos, sem pedir-lhes permissão, e assim por diante. Os adultos são exemplos muito ruins para crianças e adolescentes a esse respeito”, lamenta. Além do melhor uso por parte dos adultos, Flores acrescenta mais duas ferramentas ao nosso alcance: o acompanhamento e o conhecimento dos aplicativos e do mundo digital para poder conversar e compartilhar com eles essa informação; e o uso de sistemas de controle parental.

Jordi Jubany, professor, antropólogo e especialista em educação digital e autor do livro ¿Hiperconectados?, concorda com as recomendações de Flores e acrescenta que pode ser produtivo compartilhar com as crianças desde pequenas os protocolos que nós mesmos deveríamos usar na rede, como publicar apenas coisas úteis, verdadeiras e com bons propósitos. De acordo com Jubany, devemos prestar atenção à necessidade de desenvolver a nossa identidade digital e o sexting é um bom exemplo. “Nossos rastros podem ser vistos se nos buscarem no Google, Facebook ou Instagram. E tudo o que digitalizamos, enviamos ou publicamos é suscetível de ser encontrado em um contexto não previsto. Temos que tirar proveito desses casos reais de más práticas que conhecemos no nosso entorno e nos meios de comunicação para tomar consciência, aprender com nossos erros e usá-los de modo educativo. É muito importante manter os canais de comunicação abertos com os nossos jovens em um ambiente conectado que é diferente daquele em que fomos educados”, conclui.

Fonte:https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/09/actualidad/1520582602_813226.html?rel=listapoyo

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