O DILEMA DA VOCAÇÃO E DA ESCOLHA DA PROFISSÃO



 

Um problema importante

Um estudo do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia relatou que metade dos ingressantes no ensino superior do país não se forma. Outros estudos1 apontam de forma consistente para a seguinte estimativa: por volta de um terço dos alunos em início de faculdade são afetados por disfunções no processo de escolha.

Tal proporção aumenta mais um pouco se incluirmos no cálculo os jovens que sequer iniciam os estudos técnicos ou superiores por não terem visualizado sua vocação e, com ela, a perspectiva de ser alguém.

Além de estar difundida, a escolha profissional disfuncional é uma das causas ocultas de certos problemas aparentes. Podemos citar: insatisfação no trabalho; produtividade medíocre; convívio familiar difícil. Em situações mais agudas, pode contribuir para quadros de estresse e depressão.


A primeira grande decisão

A primeira escolha da profissão, feita na adolescência, é um dos momentos mais importantes da vida. Optar por uma carreira significa renunciar a todas as outras, e os efeitos dessa decisão são de longo alcance.

Mas estará o jovem de 15 a 17 anos já maduro para decidir o que quer? Não totalmente. De fato, a primeira escolha, com a ansiedade decorrente, faz parte das dores do crescimento. Na maioria dos casos, o apoio familiar e escolar é suficiente para que se vença essa etapa sem precisar de Orientação Vocacional. Porém, quando tal apoio não é suficiente para uma escolha segura, entra em consideração a busca de ajuda especializada.



Em quais situações se deve recorrer à Orientação Vocacional?

  • Se o estudante do ensino médio (ou do último ano do ensino fundamental, com a intenção de cursar uma escola técnica), está seguro do que quer e tem idéia de como concretizar seus planos, a Orientação Vocacional é uma possibilidade. Ela poderá aprofundar seu autoconhecimento e reforçar sua opção.
  • Mas, se ele se sente inseguro a respeito de uma dessas coisas (vocação e planos para o futuro), ou de ambas, é aconselhável procurá-la.

Este artigo poderá ajudar os interessados a avaliar sua real necessidade.

Estudantes universitários ou de escolas técnicas insatisfeitos com seus cursos também podem se beneficiar da Orientação Vocacional.






Profissionais insatisfeitos, inseguros...

Os profissionais, em sua maioria, estão hoje insatisfeitos no emprego ou se sentem inseguros com as constantes mudanças.

O conhecido consultor Max Gehringer2 afirma, com base em estatísticas, que 70% das pessoas estão insatisfeitas com sua situação profissional. Salário baixo? Ambiente ruim? Poucas chances de subir? Injustiças? Pressão em excesso? Claro que tudo isso influi. Mas às vezes as causas são mais profundas. Em parte relevante dos casos o problema surge, ou se agrava, porque a atividade profissional está interferindo ou sofrendo interferência de outras esferas da vida, como a social, a familiar ou a financeira. Ou então, o que a pessoa alcançou em realizações ou reconhecimento está distante do que ela pretendia. Ou, ainda, a profissão não corresponde à verdadeira vocação da pessoa, às vezes sem ela mesma saber disso.

A insegurança profissional também corre solta. De uma hora para outra a pessoa pode ver-se ameaçada, transferida - de empresa, de setor, de cidade, de país -, "terceirizada", obsoleta... ou simpesmente desempregada. São alguns dos efeitos das mudanças nos negócios, que se aceleraram a partir de 1990.



Consultoria, aconselhamento, orientação... A quem recorrer?

Quem está insatisfeito, ou então perplexo e desorientado com as mudanças, tem várias opções às quais pode recorrer. Para escolher a correta, porém, tem de identificar a natureza do seu problema.

Se o profissional tem claros para si sua vocação e seu projeto de vida, e precisa de orientação somente com relação a como levá-los adiante no campo profissional, então os serviços de consultoria ou aconselhamento de carreira, ou mesmo de recolocação profissional, são a opção indicada. Pois aqui não se requer um diagnóstico profundo, mas somente uma avaliação objetiva da situação e um reposicionamento do cliente diante da organização ou do mercado, conforme o caso.



E a Orientação Profissional, em quais momentos é indicada?

Diferentemente do aconselhamento de carreira e da recolocação, mais preocupados com a questão do "como" concretizar um projeto que já está claro, a Orientação Profissional tem como alvo uma situação anterior: a de precisar reencontrar ou reavaliar o projeto profissional. (Veja aqui alguns exemplos disso.)

Tal necessidade pode ser fruto de diversas situações, mas é provável que as principais sejam estas:

  • Quando mudanças drásticas (desemprego estrutural, mudança de localidade ou de função, alterações na saúde ou na dinâmica familiar, etc.) põem em questão o projeto ou a auto-imagem profissional, deixando a pessoa perdida, sem saber que rumo tomar;
  • Quando se visualiza uma oportunidade de assumir um novo tipo de trabalho e não se sabe avaliar se há vocação para a nova atividade;
  • Quando não se consegue mais encarar o trabalho de forma positiva como antes. Perda de motivação sem razão aparente, desgaste emocional, irritabilidade, sintomas físicos, são possíveis manifestações de um quadro que costuma aparecer quando as tensões decorrentes das concessões que toda pessoa adulta, em algum momento, teve de fazer, atingem um ponto de impasse. A natureza do impasse precisa ser diagnosticada. É preciso investigar, por exemplo, se o que está por trás é a insatisfação profunda pela vocação profissional frustrada ou pelo projeto geral de vida que não está indo bem. Se for o caso, é a hora de fazer uma mudança, uma opção, ou ao menos um ajuste, para evitar uma ruptura.

Em tais eventos deve-se considerar seriamente a busca de Orientação Profissional. 

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